terça-feira, 30 de março de 2010

O MUNDO VIRTUAL AO ESPIRITUAL

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibet, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão. Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?’
Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã... '. 'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena - a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!'
Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.
Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais...
A palavra hoje é 'entretenimento’; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.
O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.
Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus; se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório; mas se não pode comprar certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald...
Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático'. Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz!".
Se você não acredita na Educação e no Treinamento, experimente então a ignorância!


Frei Betto


sexta-feira, 26 de março de 2010

Repressão a servidores marca campanha de inaugurações de Serra

Duas professoras agredidas por um funcionário do governo e um protesto de 200 professores reprimido pela Polícia Militar. Foi esse o saldo das visitas que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), fez a Bauru e a Ribeirão Preto, no último fim de semana, na etapa final de inaugurações em que se empenha antes de renunciar ao cargo para disputar a Presidência da República.
Em Bauru, as diretoras de uma escola e do sindicato estadual dos professores, Tânia Mara Batista e Suzi da Silva, registraram queixa na polícia acusando um assessor de Serra de agredi-las durante a inauguração da Faculdade de Tecnologia.
“Nós tínhamos autorização para entrar, mas fomos impedidas pelo assessor. Ele disse que a gente não poderia entrar e que o governador já sabia da nossa greve. A Tânia disse a ele que tínhamos o direito de ir e vir. Ele a pegou e jogou-a no chão e depois me empurrou”, relatou Suzi.
Em Ribeirão Preto, onde Serra foi recebido com fortes vaias, a Polícia Militar barrou cerca de 200 professores que reivindicavam melhores salários e condições de trabalho nas escolas. A repressão não se limitou aos representantes do magistério em greve. Dois PMs tomaram o megafone das mãos do diretor regional do SindSaúde, Ricardo Oliveira, para evitar que o discurso do governador fosse atrapalhado pelos manifestantes.
Os servidores da saúde entraram em greve na manhã de ontem, em algumas unidades da capital e do interior de São Paulo. A categoria, que teve em 2005 o último aumento de salário, reivindica plano de carreira, 40% de reposição das perdas salariais e jornada semanal de 30 horas. Já os professores pedem aumento salarial de 34,3%, incorporação das gratificações ao salário base, criação de plano de carreira e modificação no processo de contratação de professores temporários.
Hoje à tarde haverá audiência pública na Assembleia Legislativa para discutir a greve do magistério, reiteradamente classificada pelo governador Serra como “um movimento que não significa nada”. Os grevistas preparam manifestação em frente ao Palácio dos Bandeirantes na próxima sexta-feira. Até lá o calendário de mobilização prevê visitas às escolas que ainda não estão paradas, realização de pedágio com panfletagem e coleta de assinaturas para um documento, a ser entregue ao governador, que visa conquistar a adesão de pais, alunos e sociedade em geral ao movimento. Também foram confeccionados adesivos para carros e faixas para uso nos pedágios com a frase “Serra mente para o povo, a Educação pede socorro!”.

quarta-feira, 24 de março de 2010

ACESSIBILIDADE

cerca de 14,5% da população brasileira
Têm algum tipo de deficiência. Além destas, há pessoas idosas, pessoas com mobilidade temporariamente reduzida ex: (grávidas,pessoas obesas, pessoas baixas, pessoas muito altas. Etc.).Ou seja, em função da idade, estado de saúde, estatura e outros condicionantes, diversas pessoas têm necessidades de receber informações, chegar até pontos de parada, entrar em veículos ou realizar seu deslocamento em espaços públicos.
Acessibilidade significa permitir que todos desfrutem de todos os espaços e serviços que a sociedade oferece, independentemente da capacidade de cada um. A vida das pessoas com deficiência é como a vida de todos os cidadãos. Ou seja, mais do que estruturar uma ou outra ação voltada para as pessoas com deficiência ou restrição temporária de mobilidade, para garantir a acessibilidade no município, a prefeitura deve ter esta preocupação em todas as suas ações, desde as especificações técnicas para mobiliário urbano ou habitações, até ações específicas em todas as áreas, como saúde, transporte, trabalho e educação, passando pelo atendimento ao público em geral.
Mas infelizmente não é isso que vemos em nosso município, o que vemos é o descaso para com essas pessoas por parte do poder executivo de nossa cidade.

Desde 2004, há uma lei federal que estabelece normas gerais para a promoção da acessibilidade para as pessoas com deficiência. O decreto 5.296/2004 estabelece uma série de critérios básicos, em diversas áreas, que devem ser observados e implementados por todos os municípios e estados do Brasil. O decreto trata de cinco eixos prioritários, sendo que os três primeiros dizem respeito a ações de responsabilidade do poder público municipal: acessibilidade ao meio físico, acesso ao sistema de transportes coletivos, acesso à comunicação e à informação, acesso às ajudas técnicas, e à existência de um programa de acessibilidade com dotação orçamentária específica.
Ao considerar estes critérios para a formulação de políticas publicas e atendimento da população, o município melhora a vida de todos os cidadãos.
Como podemos observar a responsabilidade é da prefeitura municipal em fazer com que essas leis de acessibilidade sejam cumpridas.
Mas infelizmente o prefeito municipal de Guaratinguetá não esta preocupado com isso, tornando assim nossa cidade em um município inacessível para as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, fruto da sua incompetência e descaso com os cidadãos (as) de Guaratinguetá.

Atendimento prioritário:

Os órgãos da administração pública devem dar atendimento prioritário nos serviços públicos a pessoas com qualquer tipo de deficiência.
O atendimento prioritário compreende tanto tratamento diferenciado como imediato. Para garantir o atendimento diferenciado, as prefeituras devem, em todos os edifícios e serviços, disponibilizar assentos de uso preferencial bem sinalizado, mobiliário de
atendimento adaptado à altura e condições físicas das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.
Além de investir na infra-estrutura, a prefeitura deve oferecer capacitação aos funcionários para que estes saibam como realizar o atendimento, respeitando as diferenças e garantindo acesso e serviços de qualidade. Ter funcionários capacitados para atender pessoas com deficiência auditiva, por exemplo, é fundamental para que estas possam se comunicar e ter acesso aos serviços necessários.
É importante também que a prefeitura incentive as organizações privadas a disponibilizarem atendimento prioritário, principalmente em bancos, supermercados e lojas, garantindo que estas pessoas tenham acesso a todos os tipos de serviço. A prefeitura pode, além de realizar campanhas educativas, oferecer cursos de capacitação do funcionalismo.
Não basta, no entanto, garantir um atendimento diferenciado se as pessoas com deficiência não conseguem acessar os serviços ou se locomover até eles. Também é importante que a prefeitura garanta o deslocamento das pessoas com deficiência. Para tanto, o decreto regulamenta uma série de ações que podem promover a acessibilidade arquitetônica e urbanística.
Neste sentido, diversas ações podem ser realizadas, sendo importante atentar para a sinalização, disponibilização de informações, condições de entrada e saída dos meios de transporte, assentos de uso preferencial, etc.
Outras ações que podem ser executadas são a construção de calçadas rebaixadas com rampa com inclinação de acordo com a Norma Técnica da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, instalação de cabines telefônicas adaptadas, portas amplas para passagem de cadeiras de rodas, instalação de rampas ou elevadores para acesso a edifícios, espaços especiais para as cadeiras de rodas, como nos cinemas ou auditórios, sinalização visual e tátil para pessoas com deficiência auditiva e visual.
Como, segundo a lei de cotas, deve haver funcionários públicos com deficiência, é importante que as intervenções também possibilitem que eles realizem seu trabalho em espaços adaptados, com mesas com tamanhos especiais, inclusive nos refeitórios, computador na altura correta, elevador e rampas de acesso, armários em altura acessível, banheiros adaptados, portas largas, etc. Todas essas especificações técnicas também podem ser encontradas nas normas da ABNT.
É importante que, além de intervir em espaços públicos, a prefeitura garanta que os espaços privados – como lojas, supermercados, farmácias, padarias, etc. – também adaptem seus espaços. Os locais de lazer, como teatros, cinemas, auditórios, ginásios e salas de conferência devem também reservar espaço para as cadeiras de rodas, de boa visibilidade e devidamente sinalizado. Cabe à prefeitura o incentivo e o controle às adaptações.
As prefeituras também devem se preocupar com a disponibilização de habitações adaptadas ou acessíveis em programas voltados à habitação de interesse social. Devem ser reservadas habitações nos pisos térreos, com rampas de acesso, portas ampliadas e banheiro adaptado.

Acesso à informação e à comunicação :

O decreto prevê que, para garantir inclusão digital às pessoas com deficiência, os telecentros comunitários do poder público devem possuir instalações acessíveis como mesas com altura adequada para cadeiras de rodas e equipamentos com sistema de som e fones de ouvido instalado para pessoas com deficiência visual. É importante que a prefeitura capacite os funcionários dos telecentros para que saibam lidar com essas pessoas, atendendo-as segundo suas necessidades, com respeito e dignidade.
Computadores, periféricos (como mouses e teclados) e softwares adaptados devem estar disponíveis e a equipe de orientação do serviço deve aprender a usá-los. Há muitos softwares adaptados que são gratuitos.
Também devem ser foco de intervenção os telefones públicos (orelhões), que devem ser acessíveis, com altura compatível com a cadeira de rodas. A prefeitura deve garantir também, por exemplo, a existência de centrais de intermediação de comunicação telefônica a serem utilizadas por surdos em tempo integral.
Em um município acessível, todos saem ganhando, podendo conviver com o diferente, em condições de dignidade e respeito. Afinal, somos todos diferentes...

domingo, 21 de março de 2010

Do nhenhenhém ao trololó

Enquanto viajo ao Brasil – devo aportar por aí no meio da tarde –, quem sabe algum leitor tucano explique por que um país que cresce e se desenvolve como nunca cometeria o desatino de pôr na Presidência da República outro irresponsável tucano que, diante de problemas sérios como o da Educação, se sai com essas onomatopéias idiotas.

A Educação em São Paulo é um desastre ainda maior do que a Saúde, o transporte público, a Segurança pública etc. E é injustificável - não falta dinheiro ao Estado mais rico da Federação. O que falta a José Serra não é só competência, é caráter, como faltava a outro tucano que fazia ruídos desconexos diante de críticas fundamentadas.

FHC tinha uma “resposta” pronta para qualquer crítica que lhe fizessem: era tudo “nhenhenhém”; Serra diz que as queixas dos professores, dos médicos, dos policiais, enfim, de todo o funcionalismo que, desde Mario Covas, só vê sua vida piorar, são “trololó”.

Como é que você, paulista, quer que professores, policiais, médicos, garis, enfim, que um funcionalismo público que a cada dia sobrevive com mais dificuldade lhe preste bons serviços? Será que nunca iremos acordar, neste Estado?

A droga midiática que os paulistas consomem em doses cavalares nos impede de enxergar que tanto o “nhenhenhém” de um quanto o “trololó” do outro não passam de “blábláblá” de político safado para fugir às suas responsabilidades. Mas Serra, FHC e sua quadrilha podem ter certeza de que, neste ano, o Brasil dirá não às drogas. De novo.

Eduardo Guimarães

Cidadania.com

terça-feira, 16 de março de 2010

DECRETO DO GOVERNADOR ELIMINA MAIS DE 7.652 PESSOAS COM DEFICIENCIA EM TODO O ESTADO DE SÃO PAULO.

Com resultados não satisfatórios mais de 7.652 professores com deficiência ficam fora do processo de atribuição de aulas em virtude da aplicação da Lei 1093/2009, no início das aulas de 2010.
O provão dos ACTs – criado pela Lei 1093/2009 – que eliminaria da atribuição de aulas todos os professores que não acertassem 50% das questões, exclui do serviço público mais de 7.600 professores com deficiência que atuavam em sala de aula.
Para nós do Coletivo Estadual de Professores e Professoras com deficiência da Apeoesp, trata-se da maior exclusão de pessoas com deficiência já vista na história do Estado de São Paulo., Um projeto totalmente na contra mão do que preconiza a inclusão neste novo milênio. Tirando assim o Estado de São Paulo do trilho da inclusão das pessoas com deficiência.
Tal política vem de contra mão a todos os direitos e garantias de inserção deste segmento dentro da sociedade, um dos papeis básico do Estado, zelar pelos excluídos e melhorar sua dignidade humana e oferecer colocação profissional.
Mais mesmo diante de tal afronta contra as pessoas com deficiência que tem no magistério sua forma de sobrevivência, continua a luta do Coletivo de Professores e Professoras com Deficiência da APEOESP, que vê no resultado negativo das provas realizadas pelos professores com deficiência um problema sério no sistema educacional. A falta de adaptação do sistema educacional para pessoas com deficiência possa fazer cursos de formação continuada é a principal barreira.
Particularmente neste caso, para os professores com deficiência que não atingiram a nota mínima, e estão desempregados, entendemos que uma política de formação a distância facilitando a formação de professores cadeirantes e com outras formas de mobilidade reduzida, seria uma saída contra as barreiras arquitetônicas que impedem professores e professoras com deficiência freqüentar as universidades para terem uma melhor formação e obtiverem resultados mais positivos nos futuros exames que serão realizados a cada ano.
Está em cheque a profissão de educador público a pessoas com deficiência. É necessária uma política pública urgente que pode ser encampada pelo sindicato ou até mesmo pela Secretária de Estado de Inclusão da Pessoa com Deficiência.
Tal situação coloca uma reflexão na falta de acessibilidade das Faculdades e Universidades em geral, cujas quais ainda não fornecem condições para uma participação plena das pessoas com deficiência para darem seqüência em sua formação e capacitação profissional e seus estudos após o curso de formação inicial.
Não podemos esperar a hora, faz necessário acontecer uma política de inclusão na rede pública estadual para as pessoas com deficiência, que exercem a função de magistério, e este segmento da sociedade vem sendo prejudicado ao longo do tempo do processo histórico e cultural, e que tal projeto de lei exclui e fortalece ações de exclusão que não deveriam ser aceitos na nossa sociedade contemporânea.

fonte:
COLETIVO ESTADUAL DE PROFESSORES E PROFESSORAS COM DEFICIENCIA DA APEOESP

quinta-feira, 11 de março de 2010

DIREITOS HUMANOS

Para muitos, Direitos Humanos eram considerados como "direitos de bandidos" ou artimanhas dos "subversivos". No período da ditadura militar, a repressão (assassinatos, torturas, "desaparecimentos") atingiu opositores membros das classes médias, como professores e estudantes, advogados e jornalistas, artistas e religiosos, além dos suspeitos de sempre, como ativistas e sindicalistas da cidade e do campo. A maioria, que nunca tinha visitado prisões, passou a sentir na pele a situação desumana dos ditos "presos comuns", estes oriundos das classes populares. Passou também a constatar a tragédia do sistema prisional e a inoperância dos órgãos do judiciário. A partir daí, a defesa dos direitos humanos passou a ser confundida como luta pelos direitos dos presos, e não em nome da dignidade de toda pessoa humana, conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, a grande conquista moral do século XX diante das atrocidades cometidas durante a segunda guerra mundial.
Os defensores dos Direitos Humanos foram testemunhas da forma como foram torturados os opositores do regime de exceção, instaurado em 1964, e os presos políticos. Ficamos conhecendo o pau de arara, a cadeira do dragão, sufocamentos, queimaduras com cigarros, afogamentos. Evidentemente, tais notícias não saíam nos jornais, eram contadas pelos advogados, por parentes das vítimas. Mas a maioria das pessoas simplesmente se recusava a acreditar e dizia: "Isso é mentira, coisas de extremistas. O brasileiro é profundamente bom - nunca faria essas barbaridades".
Com o processo de democratização em andamento, as entidades da sociedade civil mais atuantes no campo dos DH, assim como ex-presos políticos e familiares - movidos por convicção de justiça, por sentimentos cristãos ou por ambos - passaram a concentrar sua luta na defesa dos direitos de todos, sobretudo daqueles "que não têm voz", a começar por aqueles esquecidos e mal tratados nas delegacias e nas prisões. O reconhecimento da dignidade da pessoa humana, independentemente do crime e do julgamento moral, é o fundamento da defesa. Os que cometem crimes devem ser julgados de acordo com a lei e, se condenados, devem cumprir a pena, mas não podem ser torturados e humilhados.
Passadas mais de duas décadas - e já 10 anos no novo século - a questão dos direitos humanos ressurge com a polêmica provocada pelo PNDH 3. Hoje não mais se diz cruamente que Direitos Humanos são direitos de bandidos; de certa forma, é sabido que Direitos Humanos são exigência da democracia, são direitos amplos para uma vida digna a todos, e não apenas para uma minoria privilegiada: direitos civis e liberdades individuais, direitos sociais e econômicos, direitos culturais e ambientais. Isto é, saúde, educação, moradia, segurança, trabalho, seguridade social, lazer, participação política, informação e comunicação.

O Programa Nacional de Direitos Humanos 3 abrange o conjunto desses direitos, dando ênfase a situações específicas dos grupos mais vulneráveis na sociedade, como crianças e adolescentes,pessoas com deficiencia, idosos, indígenas, trabalhadores rurais, migrantes, negros e as demais vítimas de preconceitos por orientação sexual ou condição social.

Ao que parece, as propostas do Programa -na sua maioria já afirmadas na Constituição de 1988!- incomodam, pois provocaram reações raivosas até mesmo de algumas pessoas bem informadas, no meio jurídico, na academia, na política, nos meios de comunicação. Ficamos com a impressão de que certas pessoas ou grupos temem ser prejudicados se os direitos dos outros forem respeitados.

por Margarida Genevois

quarta-feira, 10 de março de 2010

FECONEZU 2010 - (Festival comunitário negro zumbi) Guaratinguetá e vale histórico.

A cidade de Guaratinguetá e a região do vale do Paraíba conhecida como vale histórico tem uma presença marcante da população negra e afrodescendente em todo o seu contexto econômico, social, político e cultural.
A importância dos negros remonta aos tempos coloniais, nos períodos de exploração de riquezas minerais, cana de açúcar e café, assim como o processo de interiorização do país e ate hoje em todos os setores da sociedade.

Contudo, em contraponto a riqueza das manifestações culturais como o jongo, o samba, a capoeira, as congadas e Moçambique que se manifestam particularmente nas festas populares como o carnaval, São Benedito, festas do Divino e nos períodos das folias de Rei, assim como no dia a dia das diversas comunidades, persistem seqüelas sociais graves caracterizadas pela exclusão e descriminação, especialmente no campo religioso e do trabalho, e deficiência na aplicação das políticas publicas compensatórias e reparadoras deste processo.

O processo de preparação ao longo do ano e a realização do FECONEZU em nossa cidade e região em novembro de 2010 deve ser um importante instrumento de discussão, conscientização e de promoção da igualdade racial entre nós.

Em 13 de março de 2010, no encontro preparatório do FECONEZU e no contexto do dia internacional de luta contra o racismo (21/03/2010) e do mês da mulher, promoveremos um debate sobre o racismo e a situação das mulheres negras na sociedade brasileira, contando com a importante participação de lideranças locais, regionais e nacionais.

Contamos com a presença de todos (as) neste evento preparatório para o FECONEZU, a realizar-se na câmara municipal de Guaratinguetá (avenida João pessoa, 471 bairro do pedregulho) a partir das 11 horas do dia 13 de março de 2010.

Axé a todos (as)

fonte: movimento 100% cidadão

terça-feira, 9 de março de 2010

PROPAGANDA ENGANOSA: SERRA CORTA VERBA DAS PESSOAS COM DEFICIENCIA

Apesar da propaganda onde aparece com cadeirantes no litoral paulista, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), cortou R$ 10,3 milhões das verbas que prometeu gastar com as pessoas com deficiência. A análise do Orçamento do Estado, realizada pela Bancada do PT na Assembléia Legislativa, revela que do valor previsto para as atividades da Secretaria da Pessoa com Deficiência em 2009, de R$ 30,8 milhões, foram gastos somente R$ 20,5 milhões, o que representa um corte de 33,5% na área, ou R$ 10,3 milhões.
De acordo com o levantamento, a redução atingiu principalmente o custeio e a contratação de serviços de terceiros. São ações essenciais para este segmento da população, como o Programa de Gestão e Implementação da Política de Inclusão Social, que abrange duas áreas: as ações para a inclusão social da pessoa com deficiência, que perderam R$ 4,37 milhões, e a formulação e avaliação de programas e projetos para a pessoa com deficiência, cujo valor foi reduzido em, aproximadamente, R$ 5,7 milhões.
Além do corte de verbas orçamentárias, as pessoas com deficiência enfrentam, principalmente na cidade de São Paulo, problemas como as longas filas nos serviços da Prefeitura para pessoas com deficiência principalmente no sistema de transportes públicos, e a falta de acesso a prédios públicos. Também não tem havido atenção para as pessoas com deficiência em prédios públicos novos. O novo prédio do Detran, por exemplo, não oferece acesso adequado às pessoas com deficiência.



fonte:brasiliaconfidencial.com.br

CENSO BRASIL 2010 E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Como é do conhecimento de TODOS, ao longo da trajetória do movimento das pessoas com deficiências, temos enfrentado uma série de exclusões da sociedade, ferindo nossos direitos de cidadãos brasileiros.

Constantemente esbarramos nas barreiras de termos políticas públicas com melhor direcionamento ao nosso segmento, em virtude de não existirem dados reais, precisos sobre quantos somos, tipos de deficiências, quais são nossas condições sócio-econômicas, entre outras.

No último Censo do IBGE em 2000, não pudemos ser recenseados com a devida precisão, pois o trabalho deste renomado instituto foi realizado por amostragem a cada 10 residências.

Como é do conhecimento de todos, haverá neste ano de 2010, um novo Censo do IBGE.
Nos últimos 10 anos as pessoas com deficiência, conquistaram uma série de avanços, muitos dos quais com ajuda do Ministério Público Federal, um grande avanço foi a Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU, da qual o Brasil é signatário, com status de norma constitucional, sendo reconhecido em nossa Carta Magna.

No Artigo 31 (estatísticas e coletas de dados), da Convenção Sobre o Direito das Pessoas com Deficiência da ONU, em seu artigo primeiro determina a coleta de dados apropriados, em outras palavras, um Censo.
Pelo acima exposto, o Movimento das Pessoas com Deficiencia ira protocolar junto ao Ministério Público Federal uma carta denuncia pedindo que intervenha no Censo IBGE 2010. Uma vez que conforme nos foi apresentado por esta renomada entidade IBGE, mais uma vez será feito o Censo de Pessoas com Deficiência por amostragem, e não por um número real.

Uma das justificativas para não realizar um Censo com precisão é a demora maior, que levaria para recensear toda pessoa com deficiência; ora, temos a informação que existe um “link” no próprio programa do IBGE para recensear etnias, exemplo: indígenas.

Por que não criar outro “link” para as pessoas com deficiência neste programa? Uma vez que já existe o formulário para isto, elaborado pelo próprio IBGE e empregado como piloto em alguns municípios brasileiros.

Acreditamos que apesar de haver uma demora maior na elaboração do Censo IBGE 2010, teríamos um ganho social muito grande e também um melhor aproveitamento do dinheiro público.

segunda-feira, 8 de março de 2010

História do 8 de março


No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova York, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.

A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.

Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Objetivo da Data

Ao ser criada esta data, não se pretendia apenas comemorar. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.

Conquistas das Mulheres Brasileiras:
Podemos dizer que o dia 24 de fevereiro de 1932 foi um marco na história da mulher brasileira. Nesta data foi instituído o voto feminino. As mulheres conquistavam, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito de votar e serem eleitas para cargos no executivo e legislativo.